"Esses dias eu queria ser feliz. Mas, diferente de
muitos, eu queria ser ingênua com a minha felicidade. Queria acreditar que ela
é só isso mesmo. E ponto. Esquecer um pouco o dinheiro e os amores, as contas e
os mau humores, e ficar ali conversando; e sem pensar, me sentir compreendida e
serena. Mas compreendida de uma maneira que não me faltasse vontade, nem
coragem, de abraço e beijo. De sentar e chorar o que me dói. De rir do que me
alegra e saber que ali existe compreensão – mesmo quando o riso for besta. Que
existe amor e calmaria, mas principalmente, verdade e simplicidade.
Pois convenhamos, quem não gosta de sentir-se compreendido?
Quem não gosta de compartilhar loucuras, sonhos, dúvidas ou medos, e receber de
volta compreensão e riso? É, eu também não sei.
Então, esses dias, enquanto caminhava em busca de sorrisos
que combinassem com o meu, descobri que compreender é sentir a história dos
outros como se fosse sua. É abraça-los com olhos que arrancam verdades e dores.
É saber que ali, mesmo por trás da carcaça rígida, existe amor e vontade de
amar. Existe alguém que exclama por atenção e rosto risonho, como se tudo
aquilo fosse a coisa mais comum e fácil do mundo para você.
E mais que isso, compreender é saber dividir as dores
alheias na garupa. Dividir às histórias . E mesmo assim sorrir. Pois
lembre-se: a falta de paciência de hoje, será a saudade de amanhã.
Então compreenda, antes que seja tarde, antes que vá embora
sem dizer adeus. Antes que o vazio bata à porta e lhe dê vontade de voltar o
relógio e os sonhos. Antes que, sobre coração e falte presença."
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