sexta-feira, 6 de dezembro de 2013



Oi, eu queria te dizer de como os dias têm sido esse peso, como se houvesse um mundo amarrado em cada um dos meus pés. Um mundo composto de saudade, medos, perdas e sombras. Um mundo de coisas que pairam sob a camada etérea dos olhos. Nada é um balão. Alguém já disse isso? Disse sim. Foi o Lulu que compôs um verso parecido pra dizer que a vida quase sempre pesa. Ser leve, estar leve é um presente e eu há muito tempo não sei compor tais delicadezas. Eu sei que você me entende, mesmo estando longe, porque a nossa pele já doeu tanto em tantas tardes de sacada e brincadeiras e traições e doer junto é um elo que nunca morre. Ali vida passava e era tudo claro e ameno, lembra? Eu não me esqueci.
Eu já te contei que estou tomando fluoxetina? O mal do século me pegou. O mal do século é esse peso das horas aniquilando esperanças. Eu ando tão regredida. Eu ando tão esquecida. Eu ando tão desinspirada. [...] Há um peso ao redor. Eu sinto. O ar é denso e eu o engulo, seco, difícil. Hoje eu sinto espasmos incômodos nos dedos das mãos e tenho prazo de validade. Hoje eu só queria não acabar. Onde é que em mim se fabricam os suspiros? E os voos? Eu me esqueci. Quanto custa uma passagem para... perto? (de ti, de mim, de algum sorriso) Ou para bem longe? ... Pode ser de balão. Mas... olha só, eu me esqueci:

Nada é um balão.

Nenhum comentário: